sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia. Um Estudo Sobre o Documento de Estudos 104 da CNBB.

Gilson Feijão[1]

Irmãos e irmãs,

     Enfim chegou nosso segundo resumo do documento de estudos 104 da CNBB. Neste texto estudaremos o segundo capítulo do referido documento. Vamos continuar aproveitando a oportunidade que nos é dada de ficar por dentro das reflexões de nossos bispos sobre nossa realidade paroquial. Hoje faremos uma viagem histórica passando pelos concílios até nossos dias. Boa leitura a todos.

SEGUNDO CAPÍTULO: “Perspectiva Teológica”.

     Para começar, o documento nos indica que tudo o que compreendemos acerca do “ser comunidade”, provém daquilo que os apóstolos assimilaram dos ensinamentos de Jesus. Esses mesmos ensinamentos foram atravessando os séculos e chegaram até nós. O principal deles, e que está na base da comunidade apostólica é a “comunhão”, pois Jesus inicia seu trabalho, convidando os discípulos a viverem COM Ele. Assim, todo aprendizado que se vai ter do mestre, decorre desta comunhão contínua e diária com sua pessoa que nos leva a comunhão também com outras pessoas, formando assim a chamada comunidade e“Sem comunidade, não há como viver autenticamente a experiência cristã” [1].
     O grande desafio agora é como concretizar essa comunidade, como conviver com pessoas diferentes de nós? Como aceitar as limitações uns dos outros? Como enfim, seguir um mestre tão despojado, totalmente entregue à causa do reino diante de uma sociedade que tem tanto a oferecer?
     Também os primeiros cristãos, ainda na era apostólica, se fizeram talvez, estas mesmas interrogações e foi a partir daí que se começou a pensar as estruturas das comunidades, ou seja, os métodos, o modo como vivenciar essa comunhão desejada, sonhada, ensinada e testemunhada por Jesus.
     Segundo o documento, “Na Bíblia grega, aparecem três palavras ligadas à noção de paróquia: o substantivo paroikía, significando“estrangeiro”, “migrante”, o verbo paroikein, designando“viver junto a, habitar nas proximidades”, “viver em casa alheia” (cf. Rt 2,1ss) ou “em peregrinação” e a palavra paroikós,usada tanto como substantivo quanto adjetivo. O substantivo paroikía pode ser traduzido por morada, habitação em pátria estrangeira. O adjetivo paroikós equivale avizinho, próximo, que habita junto”[2].
     Porém, inicialmente os cristãos optaram pela chamada “Domus Ecclesiae”, ou seja, a “Igreja Doméstica”. A comunidade, neste tempo, se reúne nas casa, lá há a escuta da palavra, a partilha do pão e a prática da caridade ensinada por Jesus. A comunidade então, acontece a partir da vivencia familiar e daqui emanam todos os valores para a convivência em sociedade. A sociedade caminha, portanto, sob uma cultura familiar de onde emanam todos os seus valores.
     O surgimento das paróquias acontece a partir do crescimento urbano e do número de cristãos. A Domus Ecclesiae ficou abalada e as assembleias passaram a ser cada vez mais anônimas, pois na estrutura doméstica, era possível conhecer-se mutuamente, porém com a nova realidade a relação Igreja/Casa é enfraquecida e é aí que surgem as paróquias territoriais. O que vai identificar a comunidade a partir de agora não é mais o povo reunido, mas simplesmente a Igreja (prédio) paroquial.
     No século IV as comunidades urbanas continuam crescendo e Vê-se a necessidade de descentralização. O bispo já não é mais capaz de presidir o rebanho, pois este se tornou muito grande. Nesse momento há a criação das dioceses, ou seja, o bispo descentraliza seu clero dando título de vigário (que significa “aquele que faz as vezes do bispo”) a vários presbíteros e cada um conduz uma parcela do rebanho em comunhão com o bispo.
     As paróquias surgiram, portanto, da expansão missionária da igreja e da impossibilidade do bispo e seu presbitério atenderem os povoados mais distantes, assim as paróquias que surgem neste tempo, são paróquias rurais mas que logo se estenderam pelas cidades devido o crescimento populacional.
     No concílio de Trento surgem algumas novidades. Esse concílio determina que o pároco (pastor da paróquia) resida na paróquia, institui também os seminários, para a formação do clero e estabelece o critério da territorialidade e foi justamente esse modelo de Trento que chegou a nossos dias. A partir de então a paróquia já não se ocupa tanto com a vida comunitária, pregação ou testemunho, mas, simplesmente com a celebração da liturgia.
     Já o concílio Vaticano II não nos deu um documento que fale especificamente da Paróquia, contudo há a citação do termo “Igreja Particular”. O concílio parte do princípio eucarístico insiste na Igreja reunida em assembleia eucarística.

A paróquia, porém, não é a Igreja Particular no sentido estrito, pois ela está em rede com as demais paróquias que formam a diocese, que é a Igreja Particular. Para o ConcílioVaticano II, portanto, a paróquia só pode ser compreendida a partir da Diocese. Em termos eclesiológicos, pode-sedizer que ela é uma “célula da diocese”.(CNBB – Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia nº 57).


      A paróquia aqui, portanto passa a ser reapresentada como uma “célula” da diocese e é formada por uma rede de comunidades, ou seja, ela nada mais é do que uma “comunidade de comunidades”.
     Portanto, como vimos a reflexão de nossos bispos, sempre aponta para a comunhão de pessoas, ou seja, a realidade paroquial deve se dar ao redor da casa e se local de acolhimento para todos, ao mesmo tempo é chamada a ser uma comunidade missionária que via ao encontro dessas pessoas que são por ela chamadas a viver essa comunhão. A igreja particular deve ser assim, o sacramento da comunhão, o sinal da comunhão aprendida do próprio Cristo.
     Mande sua opinião ou sugestão, comente, compartilhe estudo com seus irmãos. Abraço a todos.



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